quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Metamorfose (Obras da insônia)

Deparo-me na frente dessa ferramenta do saber para conhecer-me uma vez mais, faz alguns anos que substituí os cadernos pequenos infantis por teclas e uma maior habilidade motora nem tão inútil.

Quero falar de coisas que têm me prendido a atenção, já não me volto apenas para poemas tolos e juras de um não-amor não-platônico, precisava reviver por um curto período que fosse algo que deixei de lado na adolescência: a irresponsabilidade. Esse período se finda, espero.

Tenho tido mais do que o normal uma inclinação à curiosidade intelectual inútil. Tenho lido mais besteiras, tenho sido menos exigente comigo e isso me trouxe benefícios ao novo passa-tempo.

Um trecho do livro que estou lendo traz uma citação de Olavo de Carvalho que gostei muito:


Olavo de Carvalho

"O estraçalhamento das consciências pelo império da propaganda é condenado com veemência por alguns intelectuais ativistas, mas eles mesmos praticam abundantemente a estimulação paradoxal sobre as mentes indefesas de alunos, leitores, ouvintes e espectadores.O típico intelectual exasperado de hoje defende sistematicamente reivindicações contraditórias: liberação do aborto e repressão ao assédio sexual, moralismo político e imoralismo erótico, liberação das drogas e proibição dos cigarros, destruição das religiões tradicionais e defesa das culturas pré-modernas, democracia direta e controle estatal da posse de armas, liberdade irrestrita para o cidadão e maior intervenção do Estado na conduta privada, anti-racismo e defesa de "identidades culturais" sustentada na separação das raças, e assim por diante".


Preocupante?
Até que não, previsível eu diria. Somos seres em constante e absurda metamorfose intelectual, nos adaptamos ao meio, e, com muita dificuldade vemos que o meio nem sempre se adapta ao nosso ritmo de vida.

Tenho sido extremamente relapsa em relação a leitura do que se passa do lado de lá, vivo atualmente escondida no quarto como rato e nada realmente produtivo esta sendo criado, minhas ferias acabaram, hoje resolvi voltar ao mundo da realidade com uma pitada de fantasia, claro.

Com o tempo aprende-se algo muito importante e até inteligente, e não, não é coisa de perdedor: "nem sempre precisa-se chegar ao topo, as vezes a caminhada é que vale a pena." Quantas vezes fico pensando nos deixamos cegar pela obsessão da conquista, muitas conquistas tem sabor amargo de fel, e nos tocamos de algo simples, muitas vezes o platônico era mais gostoso e não me refiro a amores. Gosto de pensar que vale de situação a situação, nunca em via de regra. Há também que se voltar a um sentimento desolador: expectativas; sentimento responsável pelas maiores decepções e investidas frustradas de vitória via obsessão. Frustração também é consequência da anterior por óbvio, gosto de falar coisas óbvias também, gosto de textos perturbados, gosto de me explicar e depois rispidamente me conter.

Gosto de um monte de coisas e vivo em um mundo particularmente perfeito pra mim onde quem precisa ser lapidado são as pessoas, a vida consiste nisso: entrega, dar, receber, abrir mão, tentar, conseguir, falhar, consiste em uma eterna troca e tudo isso faz parte do equilíbrio perfeito.

Não há um molde.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Inspiração

Toma-me pela mão e me leva às cegas à beira do abismo;
Jogo-me mesmo sem saber o que há na esperança de te encontrar(leia-se conhecer),
Confiaria-te a cada segundo mais: - um futuro,
Este sem dúvidas não teria sentido tal e qual.
Que bom que me encontraste
Naquele quarto escuro e úmido, lembra?


Desfalecem meus medos passados,
Tomo iniciativas sutis,
Suaves,
Delicadas,
Saudáveis.

Sinto o vento passando entre os dedos
Pontas gélidas e tensas (como em um primeiro encontro)
Sinto a boca trêmula de quem não sabe quando encontrará o chão, sinto pés e pernas bambos pela instabilidade do sentir.

Sinto,
Vivo,
Acompanho,
O que sinto não é assim,
Não somente isso ou aquilo,
Não é definitivo,
Não é eterno,
Não tem prazo,
Amanha posso comparar a: -‘pular corda’, por que não?
Semana que vem, quem sabe,
posso compará-lo a morte!

Trago analogias de diferentes momentos assim que inspiração vier

(Inspiração é como gosto de te chamar)

Não procuro achar respostas, muito menos uma verdade,
Definir seria limitar-te
Limitar-te é perder a inspiração,
Logo,
Perder-me-ia,
Perder-te-ia!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa"

(Caio Fernando de Abreu)
http://www.youtube.com/watch?v=9jZjA9cy6Ag
"Meu passado não pode conflitar com meu presente e meu futuro, as pessoas não tem culpa de quem sou ou o que fui!"